Coreia do Sul – educação uma revolução sem armas …

26.08.2016 • Coréia do Sul

A Coreia do Sul conta com  uma história de quase cinco mil anos, sinais da presença do homem, entretanto, segundo estimam os estudiosos e arqueólogos vai para mais de quinhentos mil anos. Porém, é a partir da era cristã que sua história encontra narrativa mais clara e  evidente.

Mesmo tendo passado por inúmeras guerras, conflitos, unificação, secessão, dominação, independência, governos ditadores, corruptos, os sulcoreanos souberam no passado recente fazer a lição de casa com maestria e encontraram o caminho da prosperidade.

A Coreia do Sul, tem muito o que mostrar ao mundo, parece ser o retrato presente do poder transformador que a educação exerce sobre uma sociedade.

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Vista parcial da cidade de Seul

Tem como capital Seul, onde vivem 10,5 milhões de pessoas, e na sua região metropolitana 24 milhões, somente ficando atrás da região metropolitana de Tóquio. É um país caracaterizado por um forte adensamento populacional.

Em trinta anos aproximadamente, deixou de ser um país pobre, de muito sofrimento e relegado a insignificância, passando a ser um país próspero, de infraestrutura arrojada, empresas globais, figurando como a 13a  potência econômica mundial. Foi classificado pela Nações Unidas pelo Banco Mundial e pelo FMI como um dos países mais desenvolvidos do mundo.

O ponto mais sensível para os coreanos passou a ser a educação, seguiram regras rígidas de  planejamento, qualificação de professores, com forte investimento, mas também com a conscientização dos pais dos alunos que assumiram de maneira compartilhada esse grande triunfo transformador.

Criaram um sistema de competição desde os primeiros anos de escola até a sua formação em nível superior, e com isso viraram a chave que faltava para o progresso e o caminho para que as novas gerações tivessem uma vida melhor. Promoveram através da educação, a mais significativa de suas revoluções, sem a necessidade de armas.

Hoje aproximadamente 70% dos coreanos que chegam a concluir o nível médio ascendem à universidade.

Há quatro obrigações de que os coreanos do sul se orgulham: educação, trabalho, o pagamento dos impostos, e o serviço militar, para os homens por um período de dois anos, após completar 21 anos de idade.

Sua única fronteira terrestre é a Coreia do Norte que impôs ao país uma ditadura “socialista”, sustentando o símbolo do atraso, das mazelas, da pobreza e da intolerância.

Foi a partir de 1987, depois de passar por governos inescrupulosos, e corruptos, com a sociedade, saindo às ruas em protestos quase que diários e cada vez em volume maior, pedindo democracia, e transparência, que os coreanos encontraram  o caminho da prosperidade.

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Cerimônia  de troca da guarda presidencial – Palácio Gyeongbok

Com regime presidencialista de governo, através de eleições livres e soberanas, os governantes são eleitos para um único mandato de 5 anos, em que colocam em prática aquilo que defenderam para conquistar o voto da maioria.

Os sulcoreanos, quando questionados sobre a atuação do politicos e governantes, abrem um sorriso, num misto de nostalgia e confiança. É que no passado os politicos muito mal fizeram ao país, entretanto, hoje se orgulham de seus governantes, por serem honestos e em geral zelarem por uma boa administração, por terem um serviço público de boa qualidade e de alta responsabilidade. É bom ouvir isso, bons governantes transformam uma sociedade, dá até uma pontinha de inveja…

Com uma área de 99.720 km2 , praticamente o mesmo território do estado de Santa Catarina , dividida em nove províncias administrativas e seis cidades metropolitanas, onde está distribuída uma população de 50,05 milhões de habitantes .

 

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Cultura do arroz nas encostas das montanhas

De topografia acidantada, com muitas montanhas, a área plana e aproveitável corresponde a apenas 30% do território, e, é destinada a ocupação populacional (cidades), assim como a produção agropastoril, tendo como carro chefe a cultura do arroz, especialmente o arroz irrigado.

Percebe-se que Coreia do Sul mira sua referência no Japão, embora, ainda haja forte rivalidade entre eles em razão do domínio exercido pelos japoneses até 1948. O alinhamento histórico e cultural confere aos coreanos uma aproximação dos chineses, entretanto, o modelo de desenvolvimento que aspiram  está no outro lado do mar.

Com um IDH de 0,898 considerado muito elevado (Pnud 2014), esse índice varia de 0 a 1,0, a Coreia do Sul contabiliza um PIB per capita de US$ 28,738.00, resultante de uma economia arrojada e diversificada.

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Indústria coreana – presente em todo o país

Todo o petróleo consumido no país advém de importação, sua economia está baseada na exploração agropastorial, e principalmente na indústria de transformação, com destaque para os segmentos de máquinas e equipamentos de trasnporte (líder mundial), equipamentos eletrônicos, informática, indústria naval, química siderurgia, alimentícia e textil. Suas principais empresas globais Samsung, LG, Hyundai e Kia.

O setor educacional foi classificado como o primeiro no continente asiático e o sétimo em nível mundial.

Sua rede de comunicação por fibra ótica é um espetáculo, o que lhe garantiu pelo Índice Global de Inovação, como o país mais inovador do mundo.

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As rodovias cortam o país em todas as direções

A Coreia cheira progresso, mesmo um país de dimensões geográficas limitados, cuja maior distância de um ponto a outro é de 500 km, está cortado por autoestradas, pontes, viadutos, ferrovias espetaculares, sua infraestrutura é muito, muito boa.

A metade de sua polpulação devota algum credo religioso, sendo 23 % se declaram budistas, 20 % se declaram protestantes e 7% católicos, e 50% se declaram sem religião.

O budismo, que carrega a religiosidade dos coreanos, trazido da India para a China e de lá para a Coreia, conta com rituais de muita concentração, introspecção veneração e respeito absoluto.

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Encontro com as monjas na gruta Seokguram no Parque Nacional Gyeongju

Tanto seus seguidores, quanto seus discípulos mantém dedicação permanente ao aperfeiçoamento. Encontrar um monge ou mesmo um grupo delas especialmente em um templo é momento especial e de irradiação de uma energia inexplicavemente boa.

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Templo budista Haein em Daegu – Parque Nacional Gayasan

Os templos budistas espalhados nos mais diferentes lugares, permitem ao visitante desfrutar não só de sua beleza, mas também de momentos agradáveis, de elevação e sobretudo de muita paz.

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Pensadores Confucionistas da Aldeia – Vila de Hahoe

A doutrina confucionista, teve grande importância na Coreia, e, ainda mantém aldeias onde preserva, os ideiais de Confúcio, filósofo e pensador chinês de século VI a.C. (571 – 479 a. C.) alicerçadas na moralidade pessoal e governamental, os procedimentos corretos nas relações sociais, a justiça e a seriedade.

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Escola Confucionista Byeongsan Seowon fundada em 1575 em Gyeongsang do Norte

Mantém escolas de formação de pensadores cujos mestres dedicam-se à ensinar as técnicas e a necessidade de manter uma vida em harmonia, entre os valores terrenos, e os  espirituais.

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Artesão na Vila de Hahoe – Aldeia confucionista

A combinação dos fatos históricos com os contemporâneos, elevam sobremaneira a riqueza que é a Coreia do Sul, seguramente, temos muito o que aprender com o processo de evolução por eles experimentado.

Diferentemente da visão que se forma a partir da leitura, pisar o pé no chão,  desbravar, mesmo ante a restrição da comunicação, compatibilizar o que se lê com o que de fato se vê faz toda a diferença, recomendamos!!! Pois, aquivamosnos.com.br

 

Seul, 24 de agosto de 2016

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