Nossa incursão pela Escandinavia se fecha com a visita à Dinamarca um país próspero, de economia diversificada e bem equilibrada, cujos valores mais celebrados estão na igualdade, no apreço à cultura, à modéstia e a pontualidade.
Por do Sol – Mar Báltico
Diferentemente de seus vizinhos, possui uma topografia plana entrecortada pelo Mar do Norte e Mar Báltico. Com uma área de 43.094 km2, equivale a metade do estado de Santa Catarina, possui 443 ilhas, das quais 76 são habitadas, sua maior altitude alcança os 170m; único país que faz fronteira é com a Alemanha; liga-se também à Suécia através da ponte Oresund parcialmente submersa.
Conta com uma população de 5,6 milhões de habitantes; com IDH 0,923 (Indice de Desenvolvimento Humano 0 -1,0) é considerado muito elevado sendo o quarto colocado no mundo; o PIB per capita medido em 2014 foi de US$ 44,325.00, só para comparar Santa Catarina foi de US$ 9,000.00.
A língua oficial é o dinamarquês, entretanto, as escolas ensinam também outras línguas, como o alemão, francês, espanhol e o inglês. A maioria da população fala pelo menos mais uma língua, sendo de domínio comum o inglês.
Há liberdade de religião, tendo a Igreja Nacional Luterana a maioria dos que se dizem religiosos, mas o hábito de frequentar as igrejas não é comum.
Frederiks Kirke – Igreja de Mármore em Copenhagen
O país é uma monarquia constitucional desde 1849, o monarca é de fato o chefe de Estado, tendo o parlamentarismo como sistema de governo, com um governo central, representado por um primeiro ministro e outros 98 municípios.
Tem havido uma preocupação com o desempenho dos município, especialmente aqueles que acabam recebendo recursos extraordinários do governo central. O jovem Jonatan Kristensen está debruçado em um estudo, que é sua tese de mestrado, em que procura desvendar os mistérios desses municípios que não conseguem fazer uma gestão de elevada eficiência e por isso batem às portas do governo central em busca de recursos adicionais para fazer frente ao seu orçamento. Advoga a tese de que para obter recursos extras seus gestores precisam demonstrar eficiência ou se comprometer com melhores indicadores, caso contrário poder-se-á estar protegendo o mal gestor e fazendo uma distribuição de recursos desproporcionais quando comparados com aqueles que são auto-suficientes.
Jonatan Kjaeldgaard Kristensen – Cientista Político
As preocupações são constantes, e assim mesmo, o nível de confiança em seus governantes é alto, tendo a Dinamarca constantemente figurado entre os países menos corruptos do mundo, ostentando por vezes como em 2008 o primeiro lugar.
De economia capitalista, tem um processo de distribuição der riquezas invejável sendo considerado o mais elevado nível de igualdade de riqueza do mundo, desfrutando de um “estado de bem estar social”, e como consequência o menor índice de desigualdade social do mundo.
O tratamento da saúde goza do princípio da universalidade com qualidade. A educação é tratada como um ativo de especial valor, e, é pública e acessível até à universidade, quando os alunos usufruem de uma renda para sua manutenção equivalente em média € 800,00 ( oitocentos euros), é justamente da universidade que despontam as melhores cabeças, seja para a vida pública ou para a iniciativa privada.
A diversificação econômica tem sido a chave para manter o processo de evolução. Auto-suficiente em petróleo exporta para os países europeus o excedente, a indústria é a principal alavanca, despontando mais recentemente a indústria farmacêutica/medicamentos; o desenvolvimento tecnológico é sua marca tendo a indústria de geradores para produção de energia especialmente a eólica ganhado importância, sobretudo nos últimos tempos. A força econômica do campo vem da pecuária leiteira e principalmente na criação de suínos cujo plantel é 5 vezes maior que a população humana.
Copenhagen é sua capital e principal centro econômico, financeiro e cultural. Também é conhecida pelo design e arquitetura, a cidade consegue equilibrar as construções antigas, com cores vibrantes e vista espetacular para os canais que a cortam, cafeterias, bares, restaurantes com edifícios modernos, traços ousados e muito vidro aparente.
Canal Nyhan – Copenhagen
O verão cujas temperaturas podem raramente chegar aos 25 graus, é suficiente para as pessoas, aliás muito bonitas e elegantes, saírem às ruas de maneira mais despojadas, para tomar um café, beber cerveja ou simplesmente encontrar os amigos. O parque de diversões Tivoli, que reúne brinquedos radicais, para crianças e jovens, como também dispõe de muitos restaurantes e cafés ou mesmo um concerto de música clássica como o que tivemos oportunidade de assistir, são programas especiais.
Tivoli – Parque de diversões em Copenhagen
Essa necessidade e exigência de manter as construções tal como foram concebidas no passado distante é que dá às cidades um ar receptivo e caloroso, sendo de fato muito aconchegantes, em dinamarquês – hyggelig, aliás uma termo que gostam muito de usar.
A segunda cidade em importância é Aarhus, lá vivem 264.716 habitantes, uma cidade que guarda as raízes do passado, mas se sintoniza com o presente, é um destacado centro universitário, o que lhe da um ar jovial e contemporâneo, com muita música, festivais, bares e muita alegria.
Aarhus – Canal Central
Destaque na cultura, com autores consagrados tal como Hans Chistian Handersen (1805 – 1875), com seus contos de fadas As Roupas Novas do Imperador e O Patinho Feio, as sinfonias de Carl Nielsen (1865 – 1931).
São países como esse que deveríamos nos espelhar, quem sabe em algum tempo teremos pessoas dedicadas e comprometidas a ponto de buscarmos as melhores referências mundiais, saber o que fizeram e o que continuam fazendo para ostentar indicadores que causam inveja e aplicar em nosso sistema…
Voltar à Dinamarca é sempre um prazer, por isso recomendamos, já que aquivamosnos.
Copenhagen, 18/07/2016