Embarcamos para Filipinas, cujo primeiro destino é a cidade Cebu, capital da província que leva o mesmo nome. Bem, ao desembarcarmos no aeroporto internacional de Cebu e de cara tomamos um choque, mas também pudera, estávamos vindo do Japão, e tudo, mas tudo mesmo, se descortinara diferente das duas últimas semanas.
Vista parcial de Manila – capital filipina
Ao seguir para o setor de imigração, indispensável para quem chega a um país, nos deparamos com um balde aparando a água que insistia em pingar, mesmo sem chuva, então divagamos, deve ser do ar condicionado, só podia ser, ou mesmo de alguma infiltração, cujo reparo ficou mal resolvido, não conseguimos saber ao certo, mas aquilo nos fez lembrar de um retorno da Alemanha, ao desembarcar em São Paulo. Também havíamos nos deparado com idêntica situação, só que com um agravante era uma fila de baldes recolhendo os pingos da chuva que caiam no curso do corredor que levava ao setor de imagração. Pensamos, o que dirão do Brasil, os alemães e visitantes de outros países que também estavam chegando? Imagem boa? Respondemos de bate pronto, não né!
Uma providência que sempre tomamos ao desembarcar do avião, ao chegar no aeroporto é ir ao banheiro, dois são os motivos: o primeiro é de natureza fisiológica; já o segundo serve para fazer uma radiografia antecipada do que vamos enfrentar. O banheiro é uma referência infalível, banheiro limpo usável, bom cheiro, às vezes com som ambiente (Alemanha ou Suiça), o sinal é positivo. Ao contrário, molhado, mau cheiroso, torneiras que não funcionam, papeleira quebrada, é perrengue na certa!!!!
Outra experiência é trocar dinheiro pela moeda local, fila ou caixa eletrônico que não funciona, tudo vai somando… pontualidade do guia, pontualidade do motorista contratado, organização, gentileza, cortesia também vão para a contabilidade.
Ufa, depois de muito procurar encontramos a guia, agora faltava o motorista com carro responsável para nos levar ao hotel, ainda não chegou? Não. Está preso no trânsito! Nos entreolhamos, Christiane e eu, e nada dissemos, mas pensamos igual, temos de ter paciência… Temos muito chão pela frante, então o melhor mesmo é relaxar.
Entramos no carro e fomos direto para o hotel, imaginamos uns quinze quilômetros, levamos 1h30, enfrentamos de cara um trânsito caótico.
Rua comercial da cidade de Cebu
A guia de turismo que nos acompanhava, vai conversando conosco, e tenta passar uma boa imagem, mas devagarinho vai se transformando em vítima da realidade, os carros vão se misturando aos veículos de transporte coletivo, conhecidos como “jeepney” e os “trycicles”, gente que atravessa a rua em qualquer lugar, comércio de rua que vai se multiplicando com inúmeras barraquinhas, todas muito simples instaladas nas laterais da rua, nos perguntamos, meu Deus onde estamos? É estamos nas Filipinas… Cebu uma cidade com 3 milhões de habitantes. É gente que sai pelo “ralo”.
Típica casa dos filipinos – de madeira e cobertura com folha de palmeira
Conhecemos melhor a cidade no dia seguinte sob a luz do dia. De fato, é impactante, muita gente na rua, gente simples, gente que trabalha, dá duro, mas também gente que não trabalha, gente que se esforça, e, gente pedinte, crianças, mas, também pessoas mais vividas, gente que dorme na praça, na calçada, mas também gente que tem fé, gente que reza, e assim a vida vai seguindo, ao que parece gente feliz. Gente que mora em casa, um barracão de zinco já é luxo, gente que mora em casa de papelão, tem também os que disputam uma morada até mesmo nos cemitérios, ah… como tem! Até alugam os espaços de que se apossam, sinistro neh, pois é, segundo a nossa guia isso já é normal.
Cebu em movimento do comércio
O país detém um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)de 0,668, considerado médio, esse índice vai de 0 a 1,0.
Filipinas tem uma área de 300.000 km2, tres vezes mais do que o estado de Santa Catarina, estratificado em 7.107 ilhas, das quais apenas 300 são habitadas, onde vivem, 103 milhões de habitantes, segundo estimativa de 2014. É mesmo muito gente, isso sem considerar mais 12 milhões que trabalham e vivem for a do país.
Filipinas é o décimo segundo país mais populoso do mundo. Só Manila, sua capital de acordo com informações atualizadas, conta com 3 milhões de habitantes numa área de apenas 38,55 km2 , isso representa 78 mil pessoas por km2 , difícil de acreditar mas é isso mesmo! Só para comparar Balneário Camboriú, o segundo menor município de Santa Catarina tem 46,24 km2 e uma população de aproximadamente 124 mil habitantes.
Cruzamento de avenidas em Manila
O trânsito, bem o trânsito, ainda ouço o buzinar constante, não anda – pra percorrer 8 km levamos 2 horas. Para sair do hotel, nossa guia chamou um batedor exclusividade de presidente), que de moto seguia à frente abrindo lugar na rua para nosso carro passar.
O batedor de moto vai abrindo caminho
O meio de transporte, além dos veículos próprios, tem um sistema de trem de superfície, mas o principal coletivo é o realizado por “trycicles” que é uma moto adaptada com uma engenhoca artesanal (carrinho auxiliar) ao lado. É trycicle que não acaba mais, rodam na área urbana e transportam 2,3, 4 as vezes até mais pessoas, improvisadas, é uma loucura…
Trycicle – Funciona como taxi
Tem também os “jeepneys” uma adaptação dos jeeps americanos que estiveram lá por ocasião da Segunda Guerra Mundial, e um curioso, viu que dava pra transformá-lo para o transporte coletivo, promoveu um alongamento da carroceria, que servia para o transporte dos soldados, e elevou a capacidade para até 27 pessoas. Todas vão sentadas? Claro que não, vão sentadas, em pé, na parte externa, às vezes até no teto. Ar condicionado? Nem pensar! É o que tem, e vão felizes da vida, formam filas gigantescas à espera deles.
Jeepney – transporte coletivo mais usado
Os jeepneys estão em todos os lugares – capacidade até 27 pessoas
Mesmo diante do caos, aos nossos olhos, levam a vida felizes, e, parece não haver tempo ruim pra ninguém, essa percepção é confirmada por nossa guia.
Lavanderia – de roupa e de pessoas
Ah, por falar em tempo ruim, o clima nas Filipinas é bom o ano todo, dizem possuir duas estações, a das chuvas, no verão e o inverno com temperaturas menores, varia durante o ano de 20 à 36 graus centígrados.
Favorecida pelo clima, a agricultura é sua primeira economia, baseada na cultura do arroz, há rizicultura pra todo canto, alguns agricultores ainda usam no preparo dos terrenos equipamentos com tração animal, através dos búfalos.
O arroz, ao lado do porco e pescado são os principais alimentos do filipinos.
Com um PIB percapita de US$ 2,913, tem ainda na sua base econômica a mão de obra exercida pelos filipinos em outros países, cujos salários são enviados ao país a fim de manter as famílias o que gera também divisas ao país. A área da tecnologia também se destaca, especialmente os call centers, facilitado que é pelo custo da mão de obra e pelo domínio da lingua inglesa.
Aliás, diferentemente do que fizeram os espanhóis que durante o domínio de mais de 300 anos não permitiram que aprendessem a lingual espanhola, os americanos que dominaram Filipinas por 57 anos, até 1947, introduziram professores para ensinar a lingual inglesa, hoje a língua oficial. Porém, o país conta ainda com outros 170 diferentes dialetos e línguas.
Marco zero – representa o início da colonização onde repousam algumas peças sacras
A religiosidade é muito viva entre os filipinos, introduzida pelo colonizador e desbravador Fernando de Magalhões que ao descobrir o arquipélago trouxe também as primeiras peças para adoração, como o “Menino Jesus”, “Maria a mãe de Jesus” e uma peça sacra representando a “Cabeça de Deus”, e assim seguem até os dias atuais, tendo a religião católica 80% da população.
Altar da igreja Santo Niño – Cebu
A igreja católica, como de sorte em países menos desenvolvidos, exerce uma forte influência na vida das pessoas, levantando e mantendo viva a bandeira do pecado ante ao uso de contraceptivos e a ilegalidade do divóricio que continuam em pleno século XXI em vigor.
Sob o regime de governo presidencialista, recentemente empossado o novo presidente que sucede um membro da família Aquino, seu oponente, ascende-se uma chama de esperança na melhora das condições de vida das pessoas, que esperam, especialmente um amparo na área da saúde.
Montanhas de Chocolate Carmen – Província de Bohol
Filipinas tem uma topografia diversificada, exposta aos eventos da natureza, como maremotos e tufões, suas montanhas igualmente chamam a atenção, seja por suas belezas ou quanto a sua forma, é na província do Bohol na localidade chamada Carmen – Buenos Aires que se encontram as conhecidas e atrativas montanhas de chocolates.
Esse nome se deve à composição do solo, formada basicamente por corais e rochas, que ante ao aquecimento não permite o desenvolvimento de plantas mais altas, é justamente em Carmen que se encontra um encadeamento dessas montanhas mais de 1700, com o formato de um cone, algumas delas de coloração marrom lembrando chocolate, num visual que desperta curiosidade e admiração, são montanhas perfeitas.
Tarsier um primata de hábito noturno – dorme durante o dia
As belezas naturais encantam. Outro atrativo e destino de turistas é observar os primatas de nome Tarsier no lugar chamado Corella. São animais muito pequenos, e estranhos, medindo até 12 centímetros, de hábito noturno e que se extressam facilmente, e se importunudos cometem o suicídio ao bater com sua cabeça contra o tronco de árvores, é possível observá-los durante o dia quando estão dormindo. As visitas nessas florestas só podem ser feitas através de guias especializados, que exigem muito silêncio e respeito aos animais.
Acesso ao vulcão Taal – ainda ativo
Resorts, praias, rios, mergulho, e a visitação a vulcões, alguns ainda ativos como é o caso do Taal cujo acesso caracterizado pela rusticidade e exploração pelos seus próprios habitantes, próximo a Manila constituem atrativos que vem ganhando espaço.
Rio Loboc na província de Bohol – um belo passeio
Suas áreas planas são utilizadas para agricutura, e, é também, onde se encontram as regiões mais urbanizadas.
Visitar Filipinas foi uma experiência um tanto diferente, e um verdadeiro “desaforo” ir pra lá depois de passar pelo Japão, nem é justa a comparação, mas vale, registro feito… aquivamosnós…
Manila, 17 de agosto de 2016.
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